Quem sou eu

Alguém que prefere usar as palavras à usar as pessoas.

segunda-feira, julho 31, 2006

O inhame de urtiga

Alguém aí gosta de inhame?
Eu gosto! Na verdade, eu amo!
Já dizia Lulu Santos que "todo mundo espera alguma coisa de sábado à noite. Bem no fundo todo mundo quer zoar."
Eu como não sou diferente de ninguém, já tinha combinado de sair, apesar de estar lisa e dura.
Sábado tinha esfriado muito e minha mãe aproveitando, o frio, juntamente com minha vontade esquisita de cozinhar que tem me dado nesses últimos tempos (fiz dois bolos no sábado), juntamente com os inhames que meu pai tinha colhido no quintal, pediu para eu fazer uma sopa antes de sair.
Eu nunca fiz sopa de inhame na vida. Já comi várias, mas fazer que é bom, nada.
Mas, aproveitei meus dias de esquisitice, arregacei as mangas e lá fui eu, descascar os inhames.
Começo a descascar um, depois dois e minha mão começa a pinicar.
Paro um pouquinho, lavo a mão, começo a descascar novamente e minha mão insiste em pinicar.
Uma pinicada aqui, outra ali e já começa a me incomodar um pouco.
Eu pergunto pra minha mãe, que é bem mais experiente que eu em descascar inhame:
- Mãe, é normal inhame dar coceira?
Minha mãe, responde que sim, um pouco, então eu penso: Se é normal, ok! E me volto a descascar.
Só que dessa vez, mais rápido pra ver se acabo logo àquela tarefa um tanto... Pinicante!
Vou aumentando a velocidade gradativamente de acordo com a intensidade gradativa com que as pinicadas aumentam. E descasco três, quatro, cinco e de repente não consigo mais me concentrar na tarefa de tanto que pinica. Uma coceira incontrolável que além de me tirar do sério já me faz começar a chorar ao mesmo tempo em que começo esfregar as mãos umas contras as outras de uma forma totalmente irracional.
É quando meu pai corre em minha direção (meu pai, porque minha mãe tinha saído e me deixado sozinha com a perigosa tarefa de cozinhar) e meu pai observa que minhas mãos tinham dobrado de volume além de estarem totalmente púrpura!
Meu pai pensou rápido:
- Denise, some pra Santa Casa!
E eu, chorando (berrando na verdade), me coçando, ainda tento ligar pra avisar minha amiga que meu sábado inhamou, esta não atende e eu já totalmente descontrolada, pego minha bolsa, pulo na minha bike cecizinha, querida amiga de todas as horas e corro pra Santa Casa.
Chegando lá pergunto pro moço da recepção se tinha médico.
O dito cujo, totalmente desnaturado me responde que tinha mais ele estava atendendo uma emergência. É lógico que a coceira não me deixava pensar como é que podia ter uma emergência mais emergente do que a minha própria coceira. Então eu comecei a chorar compulsivamente e falar pro rapaz peloamordedeus me chama o médico que eu vou morrer!
O infeliz calmamente me pergunta do que eu ia morrer e eu gritamente respondo:
- DE ALERGIA A INHAME!
O infeliz fez menção de que ia começar a rir então eu muito rapidamente mostrei minhas mãos pra ele.
Nesse momento, ele arregalou os olhos pro tamanho da minha mão e começou a bater minha ficha, nem pediu meu documento (ainda bem, porque na confusão eu tinha esquecido) e já me mandou pra enfermaria.
O problema é que mesmo com a prontidão e a compaixão do atendente pela minha alergia, ele não podia mudar o fato de que só tinha um médico.
Então, continuei lá na enfermaria, chorando e esfregando minhas mãos freneticamente e...chorando!
Do nada, a coceira foi aliviando, a mão desinchou um pouco, dando lugar apenas a uns vermelhões e umas pinicadas aleatórias. Enfim...o médico desceu, perguntou o que tinha acontecido, eu mostrei minhas mãos, ele viu, olhou meus olhos inchados e me receitou um remédio. Uma injeção na verdade.
Olha! Eu não sei o que ele pensou nem o que ele me aplicou.
Só sei que eu dormi... dormi... e dormi...
Poxa... Só queria certa agilidade pro alívio de minha coceira.
Não precisava me botar pra dormir!Médico exagerado...

Estranheza

de estranho...
é tudo no agora
de estranho...
É pensar que o alívio da dor
é agora minha agonia
Que o causador do meu maior bem
é também meu mais cruel inimigo
E que estranho pensar...
Que vejo de dentro de mim
minha própria chama se apagar
E que não tenho nada a perder
mas mesmo assim me desespera
E tento me apegar aos restos de folhas secas no chão
querendo não me apegar
e me revolto de enxergar em meio a minha própria cegueira
que você está ao redor
admirando minha confusão por pura vaidade
e te vendo ao lado
me revolta acreditar que mesmo olhando
você vai deixar morrer o que há de melhor em mim
e que como alguém que se delícia com o desespero
ainda joga gravetos
sai de perto então
deixa a chuva e o vento que me incomodariam ontem
ser hoje meu amigo, meu consolo
deixa sozinha ouvir o fraco crepitar que resta
pelo menos me deixa o que me resta
a dignidade de terminar sozinha

sexta-feira, julho 28, 2006

Plágio

Espiando o Blog da Renata Maneschi, moça pela qual o Rafa é fão assumido (fão existe no dicionário??), acabei fazendo uma coisa feia: Copiei o Post dela e colei aqui. Só acho que vou me redimir porque não vou roubar os créditos de ninguém, mas eu acho que é um texto que vale a pena ser lido.
Lido, relido e pensado...
Agora que já plagiei mesmo, espero que ela não se importe ;)

VOCÊ SABE O QUE É AMOR?
(Post de Renata Maneschy do dia 20/07/06)

Esse texto foi enviado por e-mail pela leitora Cristiane de Oliveira. Confira:

"Então saiba um pouco o que NÃO é amor. Já se falou tanto em amor, amizade e paixão... Que tal falarmos do que não é amor ???

Se você precisa de alguém para ser feliz, isso não é amor. "É carência."

Se você tem ciúme, insegurança e faz qualquer coisa para conservar alguém ao seu lado, mesmo sabendo que não é amado, e ainda diz que confia nessa pessoa, mas não nos outros, que lhe parecem todos rivais, isso não é amor. "É falta de amor próprio."

Se você acredita que "ruim com ela(e), pior sem ela(e)", e sua vida fica vazia sem essa pessoa; não consegue se imaginar sozinho e mantém um relacionamento que já acabou só porque não tem vida própria - existe em função do outro - isso não é amor. "É dependência."

Se você acha que o ser amado lhe pertence; sente-se dono(a) e senhor(a) de sua vida e de seu corpo; não lhe dá o direito de se expressar, de ter escolhas, só para afirmar seu domínio, isso não é amor. "É egoísmo."

Se você não sente desejo; não se realiza sexualmente; prefere nem ter relações sexuais com essa pessoa, porém sente algum prazer em estar ao lado dela, isso não é amor. "É amizade."

Se vocês discutem por qualquer motivo; morrem de ciúmes um do outro e brigam por qualquer coisa; nem sempre fazem os mesmos planos; discordam em diversas situações; não gostam de fazer as mesmas coisas ou ir aos mesmos lugares, mas sexualmente combinam perfeitamente, isso não é amor. "É desejo."

Agora, sabendo o que não é amor, fica mais fácil analisar, verificar o que está acontecendo e procurar resolver a situação... Ou se programar para atrair alguém por quem sinta carinho e desejo; que sinta o mesmo por você, para que possam construir um relacionamento equilibrado, aí sim, este é o verdadeiro e eterno amor!!!

Meu pai disse-me um dia:

"Filho... você terá três tipos de pessoas na sua vida:

- Um amigo, aquela pessoa que você terá sempre em grande estima, que você sabe que poderá contar sempre; que bastará você insinuar que está precisando de ajuda e a ajuda está sendo dada;

- Uma amante, aquela pessoa que faz o seu coração pulsar; que fará com que você flutue e nada importará quando vocês estiverem juntos;

- Uma paixão, aquela pessoa que você amará, desejará incondicionalmente, às vezes nem lhe importando se ela lhe quer ou não, e talvez ela nem fique sabendo disso.

- Mas, se você conseguir reunir essa três pessoas numa só, pode ter certeza, meu filho:

- Você encontrou a felicidade!

" Nada é eterno... Mas tudo é duradouro na felicidade de um segundo..."

terça-feira, julho 25, 2006

Golpe da Cenoura

Vai chegando meio dia, vai dando aquela fominha.
Naquele dia você esqueceu de trazer marmita. Então além da fome vai dando aquela outra coisa, que é vontade de comer algo diferente. Então você liga praquela amigona de todas as horas e pergunta se ela quer rachar uma yakissoba com você. Você liga por dois motivos. Primeiro pela boa companhia e segundo, pela sua atual situação financeira que é crítica. Como a amiga é do tipo todas as horas, ela já avisa que a yakissoba precisa ser barata e você já avisa que é. Vocês se encontram muito felizes e como duas mulheres vão pelo caminho olhando os feios e comentando, os bonitos e comentando, comentam das mulheres mal vestidas, dos narizes de cata-vento e de tudo ao redor. Enfim, depois de falar mal de muitas coisas pelo caminho, vocês chegam, pedem o cardápio, escolhem a yakissoba mais barata, lógico, pedem e enquanto esperam começar a falar de novo. Dessa vez de vocês mesmas. Começam a tricotar e logo logo, já estão tricotando dos outros outra vez. E aí a yakissoba barata chega, vocês comem e fofocam, fofocam e comem até que você morde uma cenoura. Sim é normal, toda yakissoba que se preze tem cenouras. O problema que a cenoura daquela yakissoba especificamente falando, está azeda. Horrivelmente azeda. Então vocês, como duas pessoas educadas, chamam o responsável educadamente e avisam:
- Olha, a yakissoba está uma delícia, de verdade e nós vamos comê-la. Mas só estamos avisando para o Senhor não servir para os outros porque a cenoura está azeda!
O responsável agradece, nem cogita a hipótese de trocar a yakissoba (se bem que se ele cogitasse não seria aceito porque já estamos atrasadas) e sai para a cozinha para conferir a informação.
Enquanto isso vocês pensam juntas que seria bom se ele não cobrasse porque afinal vocês estão duras, lisas, e pobres e a cenoura estava de fato azeda, mas vocês mesmas esquecem a hipótese, porque afinal o mundo está perdido e é melhor se conformar com a falta de ética que assola a humanidade e preparar o bolso para o pagamento.
Até aí fomos finíssimas!
Até que chega o momento crucial do pagamento e o sensato gerente diz que vai ser por conta da casa. E é aí que todos os anos de educação que tua mãe te deu, vão-se por água abaixo!
Ao invés de vocês darem aquela pequena insistidinha para pagar como manda o figurino, vocês abrem um sorriso enorme, daqueles que ultrapassam o limite da orelha, quase beijam o gerente (quase mesmo, não fosse o balcão atrapalhar) e saem pulando tão felizes e saltitantes, mas tão felizes e saltitantes que quase ninguém deve ter percebido que estávamos só com o dinheiro da comida no bolso.
De qualquer forma, tudo o que eu preciso de hoje em diante, é andar com uma cenoura azeda no bolso.
Restaurantes chiques do Brasil... Me aguardem!

segunda-feira, julho 24, 2006

Distrações

É incrível como as pessoas passam pelas nossas vidas e nós não temos tempo de enxergar a essência delas.
Eu faço parte de um grupo pequeno de pessoas com curso superior no Brasil. Dentro desse pequeno grupo eu faço parte de um grande grupo que se forma e não atua na área. Tudo isso só quer dizer que eu fiquei durante quatro anos, enfiada numa sala de aula de uma faculdade fazendo inúmeros trabalhos, pesquisas, idas pra barzinhos, papos com amigos, seminários e discussões de pontos de vistas intermináveis.
E foram dentro dessas discussões de pontos de vistas intermináveis que eu me aproximei de um “grupo preferencial” de trabalho. As figuras eram quase sempre as mesmas:
A Pamella que queria sempre deixar o trabalho com cara de intelectual, com várias palavras bonitas, além de todo fofo com folhas de ursinho Poof e por aí ia. Sem contar que ela sempre estava certa, ou nós concordávamos, ou ela passava o resto da aula emburrada!
O Ricardo que também estava sempre certo, mas esse não ficava emburrado, só passava o resto da aula sem pronunciar uma palavra.
O Fernando que era sempre sensato, tudo era discutível e tudo era flexível e todo mundo pra ele sempre tinha um pouco de razão e muita não razão.
Eu que ficava sempre tentando apaziguar os ânimos e por fim o Angelo que tudo sempre depende!
E é sobre esse que eu queria falar!
Eu passei quatro anos sentada ao lado dele e nossas muitas palavras sempre foram, oi, tudo bem?, tchau e as clássicas discussões para entender os dependes.
Eu me lembro vagamente de uma vez, e não sei o porquê, que ele me mostrou a letra de música da autoria dele que dizia alguma coisa como: Rita, você me irrita. Li a letra, achei legal, mas pensei que era algo que combinava com aqueles rocks gritados e nem me aprofundei no assunto.
Mas esse final de semana uma amiga estava me mostrando umas músicas, de uma banda que o amigo dela participava, uma “tal” de Stella Art.
Várias músicas eram legais e a voz do amigo dela, Rafael Osti, que era rouca, baixinha e doce, também era legal.
Mas quando eu ouvi a música “Dois”, eu simplesmente amei.
A letra era dona de uma simplicidade perfeita, se é que isso define alguma coisa.
Eu não vou pôr a letra aqui, agora. A banda já tem data certa pra lançar o 1º cd e só depois disso eu quero divulgar. Mas adianto que a música é linda, que o vocalista é lindo, ops, digo a voz do vocalista é linda, enfim para mim a banda já é um sucesso.
Mas, surpresa de verdade eu fiquei quando vi a letra que ela me passou. Lá em cima estava escrito.
Letra de Angelo Pavan!
Eu nem acreditei. Eu passei quatro anos, sentada ao lado de um futuro grande compositor, e nem me dei conta. Tudo o que eu consegui enxergar foram os eternos dependes dele. Infelizmente eu não tenho como me redimir. Os quatro anos já se passaram e não vão voltar. Eu daria tudo para ler várias outras composições dele de antemão, para poder dizer quando ele for famoso, que eu fui a primeira a ler a letra, mas infelizmente só vou poder dizer isso da “Rita” e da “Dois”. Mas vou dizer com orgulho que virei fã dele antes do sucesso.
É de verdade eu faço votos de sucesso para a Stella Art.
Sei que o caminho vai ser íngreme pra eles, principalmente por estarmos em um país onde só o que não presta tem valor. Mas posso dizer que já estou preparando meus pompons e minha garganta e que eles já têm uma fã do tipo tiete antes de começarem. Além da banda, o Angelo, meu eterno amigo depende, também ganhou uma fãzona.
E posso dizer também que mais do que isso eu aprendi uma lição.
A partir de hoje, mesmo com minha correria, eu vou tentar olhar mais do que a superfície das pessoas que estão ao meu redor. Eu passo os dias, cercada de pessoas brilhantes, com vários talentos desconhecidos, com muita coisa pra ensinar e simplesmente... passo, não enxergo.
É injusto! Grandes pessoas merecem grandes atenções.
E o Angelo sem querer me mostrou isso.
Ou será que depende?

sexta-feira, julho 21, 2006

Dia do Amigo

Ontem, recebi vários e-mails e afins desejando um feliz dia do amigo. Até agradeci os que recebi, porém não desejei pra ninguém. Mesmo porque de acordo com o meu histórico de e-mails já existem bem uns vinte dias do amigo diferentes. Ontem eu me propus a descobrir qual era realmente o dia do amigo. Não que seja obrigatório ter uma data especial, a meu ver, dia do amigo é todo dia. Mas como diz a Cássia se tem uma data especial, por que não comemorar?
Seja como for eu prefiro comemorar na data certa.
A explicação mais aceitável eu encontrei aqui.
Como eu sou bem brasileira, de corpo, alma e coração, a partir do ano que vem só aceito felicitações, no dia 18 de abril!

quarta-feira, julho 19, 2006

Maus tempos

Estava pensando seriamente em mudar o estilo do blog. Ao invés de ficar “torrando” a paciência dos pouquíssimos leitores com histórias de aventuras e desventuras, ia começar a escrever posts inteligentes para ficar parecendo um blog culto. Até já tinha combinado de ir com a Pá e o Giuliano no cinema para comer pipoca e assistir ao Superman e quem sabe postar aqui uma crítica super inteligente, a lá Rafael Galvão e ou Biajoni.
Mas, novamente as minhas desventuras se sobrepuseram aos planos inteligentes e cultos de minha vida. Pra variar, chegou ontem, a fatura do meu cartão de crédito, linda e imponente como ela só. Nem dez meses de salários a pagarão!
Já pensei em tudo. Raspar o cabelo e vender-los para um salão bem chique? Perguntei ao cabeleleiro, mas ele não daria nem R$10,00 pelos meus fios totalmente quebrados. Também já pensei em abrir uma barraca do beijo, assim, eu já mataria dois coelhos em uma paulada só. Ganharia dinheiro e mataria esta carência aguda que assola a minha vida neste momento. Desisti! Só de pensar que quando tudo está ruim, tudo pode ficar pior ainda, nem quero imaginar nas espécies de clientes que eu conseguiria. Ou pior ainda, talvez eu não conseguisse cliente nenhum e teria que admitir que até os horríveis não me querem mais. Não bastasse, quando o pombo do azar defeca em mim, ele aproveita para defecar em quem está do meu lado. A fatura do cartão de crédito também chegou na casa da Pá. Até aí, seria apenas mais uma “zicada”, com uma fatura negra de cartão de crédito. O problema é que o cartão dela é um adicional do da mãe dela e é claro que além dela ter ido dormir ardendo, amanheceu sem cartão de crédito.
Agora somos duas mulheres, lindas, independentes, felizes, sem amor, sem namorado, sem dinheiro e agora também sem cartão de crédito. Logo: sem cinema, sem Superman, sem pipoca e sem posts críticos inteligentes.
Pelo menos tenho uma sócia garantida, caso eu tenha um novo plano mirabolante para ganhar dinheiro.
...Aberta a idéias...

terça-feira, julho 18, 2006

Faia Minha II

Na última frase do post abaixo, na onde está escrito: "Dado aos fatos" leia-se "Dado os fatos". Mesmo porque eu não dei aos fatos. Aliás ultimamente, nem aos fatos nem a coisa nenhuma...

segunda-feira, julho 17, 2006

Superando-me

Minha mãe me diz:
- Denise! Tem uma pedra no meio do caminho,
no meio do caminho tem uma pedra.
Meus amigos dizem:
- Tem uma pedra no meio do caminho,
no meio do caminho tem uma pedra.
E eu?
Eu sigo o caminho,
olhando para todos os lados,
sempre atenta a tal da pedra.
Eis que ando,
eis que me cuido,
eis que pondero,
sempre atenta a tal da pedra.

Então continuo andando pelo caminho, olhando para todos os lados.
Enquanto olho para os lados, com toda atenção:
PAFF! POFF! PUFT!
Eu beijo a pedra!

E aí Drummond diz:
“...Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra...”


Todo mundo sabe que em um momento ruim, (na verdade, em um momento péssimo) a única forma de se conformar é pensar em algo pior!
No caso as pessoas costumam olhar a desgraça alheia para se conformar.
Por exemplo:
Conformam-se com um braço quebrado olhando quem não tem braço.
Eu não costumo ir tão longe, mesmo porque não preciso.
E só eu parar e pensar em mim mesma, que com certeza eu irei me conformar naquele momento, porque haverá tido um pior.
Nesse momento, o que pode ser pior do que a quase véspera de natal do ano passado?
Sim.
Natal é tempo de festa, de alegria, de família, de presentes, de confraternizações com amigos, de amigos secretos e principalmente, muito principalmente mesmo, de 13º.
E por ser tempo de 13º todo mundo tem dinheiro para comprar os presentes, ou para comprar aquela coisa especial que você esperou durante um ano.
No meu natal, eu estava esperando ansiosamente pelo 13º.
Não porque eu tinha um sonho de consumo, mas porque eu tinha contas. Aliás, muitas contas naquele natal.
Então assim que eu recebi o 13º eu juntei todas as contas e fui ao shopping. Mais precisamente no Banco do Shopping para pagar as contas. Enfrentei a fila e paguei centavo por centavo, tudo o que eu devia. Saí do banco com aquela sensação de alívio por ter pago todas as contas. Eu sentia até uma certa alegria. Durou pouco!
A alegria foi passando conforme eu fui lembrando que não tinha sobrado nem um centavo. Nem um tostão furado no meio. E que aquele natal ia passar, sem ao menos uma meia fina nova, nem um presente para ninguém, ainda que fosse um bibelô de R$1,99, sem nenhum lanche do Estrela, resumindo, sem nada mesmo!
Pra ajudar; como tudo sempre acontece pra ajudar; estava chovendo muito, e eu estava sem guarda chuva, e atrasada não me lembro pra que.
E nessa, me enfiei no meio da chuva mesmo, porque pra quem jah está... ... ... ...
...sem dinheiro no natal o que é uma chuva?
E eis que na chuva, entre pessoas indo e pessoas vindo, eu vou avistando ao longe, dinheiro... Um bolo de notas de dinheiro... Muito dinheiro... E as pessoas passam inacreditavelmente pisando por sobre o dinheiro, meus olhos brilham vendo o dinheiro... Era para mim, só podia ser para mim...
O dinheiro ficou lá, imóvel, inerte, me esperando.
As pessoas passavam por ele e não o pegavam...
Era pra mim!
E quando eu chego perto do dinheiro, é claro, é obvio que eu grito:

_ De quem é esse dinheiro?

...Tempo pra vocês rirem...

... um pouco mais de tempo...

...Ainda estão rindo???

...Que cooooissa feia rir de antas como eu...

... Já posso continuar?

Então...

É claro que era o mais certo a fazer na situação.
E é obvio que mil donos caíram matando de uma vez em cima do bolo de dinheiro.
E é obvio que a anta aqui ainda conseguiu pegar duas míseras notas molhadas de R$50,00.
Pra quem não acredita, perguntem ao Ricardo... Ele viu as notas de R$50,00.
Sim, ele riu muito enquanto tentava me conformar de que eu não era de fato tão anta...

Dado aos fatos, o que é de fato, eu ter topado com a pedra?...

sexta-feira, julho 14, 2006

Então...

Sabe o que eu acho?

Que era preciso voltar pra tudo voltar pro lugar
... e que agora tudo já está.

Sabe o que eu espero agora?

Espero não esperar nada...

Nada de mim,
nada de ti,
nada de nós.

Tudo que tinha que ser já é,
ou já foi.
As correntes já foram quebradas,
a carência e a dor que nos aprisionava já se foram
e somos livres agora.

Olha ao redor.
Pra onde foi a dor que te machucava?
Onde foram parar tuas dúvidas?

Eu por minha vez, já durmo tranqüila.

E se está tudo certo, porque ainda estamos aqui?
Por que ainda insistimos juntos, se dentro de nós já não há espaço pra nós dois?
Os erros ensinam a crescer e nós já crescemos demais
E sendo grandes já sabemos o caminho
e que ele só nos cabe sozinhos.

E acho que nossas mãos dadas já não fazem mais nenhum sentido.

Mas o que importa o que eu acho se aqui dentro não para de bater?

Esquece a razão, por favor!
Vamos ser como crianças, sendo apenas, sem entender nada.
Vamos ignorar nosso tamanho e vamos seguir pra onde nos couber.
Vê que as crianças abrem caminhos quando já não há como andar.
Quem disse que não podemos?

Fecha os olhos comigo esta noite, me dá um beijo.
Deixa o coração arder por estarmos juntos,
corre tua mão em meu corpo,
diz mais uma vez que quer sentir minha pele.

Canta comigo, me deixa ouvir tua risada,
brinca de brigar comigo de novo e depois pode ir...
Vai, e, por favor, ainda que não haja motivos, volta amanhã.
Volta que eu não tenho motivos pra te querer de volta,
mas te quero sem motivo.
Mesmo sem entender nada, é bom te ter ao meu lado.
E se for assim pra você também, não precisa me explicar nada.
Apenas deita ao meu lado e permanece.

Mas se pra você já não faz mais sentido algum
E se nas lembranças seu coração já não queima.
Então pode ir de uma vez.

Se amanhã ou depois, eu te encontrar sorrindo um sorriso livre de prisões
vou lembrar que eu precisava ter voltado.
Que era eu quem tinha as chaves de sua corrente
E mesmo no vazio da tua ausência,
vou ficar feliz
e aí vai estar tudo certo
e explicado.

quinta-feira, julho 13, 2006

Necessidade

Hoje eu começaria a postar uma seleção de textos antigos sobre mim...Mas devido a um caso de esquecimento agudo, acho que não vou postar mais!...

Nos dias 1 e 2 de julho, participei de um retiro no Paraíso de São Gabriel, em Guararema. Foi um retiro maravilhoso em um lugar maravilhoso, onde só participaram pessoas maravilhosas.
Mas devido ao fato de estar desprovida de uma câmara, acabei registrando o evento com minha humilde câmara do celular. E devido eu estar desprovida de saldo na conta-corrente e créditos de celular, não consegui postar as fotos aqui.

No dia 7 de julho participei do unplugget no CNA. E novamente estava sem câmara e dessa vez com o celular descarregado. Simplesmente deixei de registrar fatos como a Paloma cantando "Bizarre Love Triangle" vestida de madrasta da Branca de Neve e o Elmer, trajando uma linda peruca que com certeza não conseguirei explicar com palavras.

No mesmo dia consegui arrastar um amigo para um videokê através de bicos femininos e um pouquinho (juro que foi só um pouquinho) de chantagem eu o convenci a cantar. E novamente, olhem que falta faz uma câmara digital, não vou consegui provar pra ninguém que ele subiu sozinho e cantou "Certas coisas".

Por último, ontem a noite tinha uma cobra coral na porta da minha casa, e eu, euzinha mesmo, tirei a cobra da porta de casa e joguei no mato.
OBS.: a cobra estava vivinha da silva!
Então, não tenho provas novamente.
Seja como for, assim que sobrar uma graninha, eu preciso comprar uma câmara.

Pre-ci-so mesmo!

quarta-feira, julho 12, 2006

A louca

Caminhando apressadamente, tentando chegar ao trabalho no horário, após sair do banco e tentando enfiar todos os boletos e comprovantes na bolsa antes que caíssem, escuto uma voz sonora e alta bravejando à minhas costas:
_ O que adianta plantar e não regar?
Assustada, olho pra trás em busca de explicação para tamanha indignação que fizera quase todos os papéis voarem da minha mão. Deparo-me com uma senhora, que devia ter em torno de uns cinqüenta anos, trajando calça leg preta, camiseta branca, tênis, polchete na cintura e um bonezinho que deixava uns tufos de cabelo branco sobrando para cada lado. Era uma dessas que mesmo quando vestida comumente, parecia carregar uma etiqueta na testa dizendo: Sou de marca!
Voltei aos meus papéis ainda não imaginando que ela tinha falado comigo. Enquanto os juntava no chão, ela parou ao meu lado ignorando a minha indiferença e continuou bravejando:
_Onde já se viu plantar tantas flores, gastar tanto com mudinhas e não pagar ninguém para regar as plantinhas! É obvio que elas vão morrer! Acho que o prefeito ganha comissão da empresa de mudas.
_Você não acha um absurdo? Perguntou ela num repente, me incluindo no diálogo que até então, parecia ser mais dela com ela mesma.
Sorri de volta e disse que concordava. Realmente plantar, não cuidar, esperar morrer, arrancar e plantar novamente, não era muito inteligente. Falei e comecei a andar, afinal os últimos minutos do meu horário de almoço já tinham se ido pegando boletos no chão. Mas ao que fui andando, ela continuou ao meu lado, me acompanhando e ainda reclamando da burrice do prefeito. Passado o momento de fúria, e não sei dizer o porquê, ela começou a me falar da vida, dos quatros filhos maravilhosos que ela tem, da burrice grande que é o casamento para ela, e de quão inconformada ela ficava em ver moças jovens que querem se casar. Vez ou outra, ela me incluía no diálogo perguntando coisas como; você é casada? E eu, mal movia os lábios para responder, ela continuava falando, como se a minha presença ali fosse desnecessária, porém aproveitável. Eu também não fazia questão de responder. Estava sendo interessante ouvir aquela senhora que tinha surgido do nada e de repente já estava ao meu lado falando da vida, do ex-marido, do seu tempo de professora e de sua vida sem ao menos ter perguntado meu nome, ou tentar saber quem eu era.
Foi quando eu me dei conta justamente disso que comecei a pensar que ela não batia muito bem. E nesse mesmo instante, como se ela adivinhasse o que eu estava pensando, ela se justificou.
_ Eu não sou louca, querida!
Eu olhei bem para ela naquele momento, com um misto de susto e vergonha, pois apesar de não ter pronunciado uma palavra a respeito, ela sabia exatamente o que eu estava pensando. E ela continuou se justificando:
_ Eu apenas desbundei na vida. Sabe querida, no fundo, todo mundo quer desbundar, mas ninguém tem coragem. Desbundar é um sonho, mais não é regra, e todo mundo que foge das regras é chamado de louco. Se eu sou louca, tudo bem. Eu devo ser a primeira louca que educou quatro filhos e foi professora até se aposentar, que viajava todas as férias com os quatros filhos do lado e se divertia com eles. Pensando bem, eu nem me importo de ser louca. Sou uma louca aposentada, com quatro filhos criados, desbundada e feliz!
_ Mas olha filha, escuta o conselho desta velha. Não acredite em ninguém, não espere por ninguém para seguir quando você quiser. Apenas siga com quem por acaso estiver ao seu lado e não pare nem se prenda se amanhã já não tiver ninguém.
Neste ponto da conversa ela parou, olhou pra frente e para o lado e perguntou olhando para mim.
_ Eu preciso pegar o meu exame ali no hospital. Por onde eu vou?
O hospital a que ela se referia, estava praticamente ao nosso lado. Seria necessário apenas atravessar a rua e não entendi o motivo da dúvida. Mas quando fui começar a dizer que era só atravessar a rua, ela já me interrompeu:
_ Vou por aqui! Disse, apontando pra sua frente um caminho que teria que dar uma volta enorme para chegar no mesmo hospital, e antes que eu dissesse qualquer coisa e de novo adivinhando que eu não havia entendido, ela já me explicou:
_ Este caminho é mais longo, mas é bem mais bonito.
_ E afinal... Pra que ter pressa?

terça-feira, julho 11, 2006

Ler também faz mal

Estou doente!
Sim gravemente doente, e o pior: Não sei se tem cura!
Esta doença ainda está em estudo. Não sabemos do remédio, se é que tem remédio.
Até ontem eu era normal. Ou melhor, pensava que era. Dormi ontem e acordei hoje tão normal como sempre. Acordei, tomei banho, troquei de roupa como todos os dias, saí meio atrasada como sempre, peguei o ônibus penteando o cabelo como todos os dias, segurei o material da Pam pra ela não cair como é de praxe, o hominho que vende o nosso bolo matinal estava fechado, então passamos reto, nos despedimos e seguimos cada uma para o seu trabalho.
Cheguei ao trabalho normalmente, disse bom dia pro Seu Ismael, ele me deu os jornais do dia e eu entrei para lê-los como sempre.
São cinco jornais diariamente pra ler. É muito jornal! Por isso sempre leio por cima todos eles. Caso eu fosse ler minuciosamente, não faria mais nada da vida. Mas às vezes, muito às vezes mesmo, eu me prendo em algo.
Foi o caso da matéria a respeito do Amor Patológico.
Alguém já ouviu falar sobre? Eu nunca. Então fui ler para me interar do assunto.
Lá explicava que essa era uma doença que ainda está sendo estudada, e, portanto ainda não há medicamento. O tratamento atualmente é feito à base de terapia.
Mas quando eu li os sintomas, eu comecei a encolher na cadeira.
“A pessoa que sofre de amor patológico sente angústia quando há uma ameaça de rompimento da relação, ou quando a pessoa não liga em determinada hora.”
Não é normal? Sei lá, nem uma angustiazinha pode?
“Essas pessoas atraem pessoas que não estão totalmente presente na relação. Que está distante de alguma forma.”
Sei lá. Achava que era só azar mesmo...
“Quem sofre de amor patológico quer cuidar do parceiro, tem uma postura maternal.”
Assim... Por favor... Algum médico disponível?
Ou eu me curo... Ou além de não assistir televisão, eu paro de ler jornal!

segunda-feira, julho 10, 2006

A desnecessidade da informação

A cerca de quase dois anos, a TV de casa pifou!
Pifou e ficou pifada!
Nem eu nem ninguém até agora se propôs a gastar um tostão para arrumá-la. Mesmo porque TV na minha casa é desmotivante demais.
Quando tínhamos era uma briga interminável para se assistir ao programa que se queria, sem contar com a censura eterna da minha mãe. Nada podia ter cenas picantes demais pra ela como, um beijo na boca, ou simplesmente não ser algo que ela não gostava. Por estas e outras ninguém fez questão de arrumá-la.
Quase dois anos mais tarde ela continua lá. Imponente e inerte enfeitando o rack da sala inutilmente. A sala virou cômodo do acaso: Por acaso alguém senta no sofá, quando por acaso uma visita chega, ou quando por acaso você quer deitar no sofazão porque por acaso não tem ninguém lá.
O mais interessante é a falta que ela faz!
Tanta falta, tanta falta, que uma vez no ano, eu lembro que eu poderia estar assistindo a um filme. E geralmente se eu estou sentindo esta falta é porque eu estou dura pra pagar o cinema.
Agora as pessoas falam que o mais importante da TV é que ela te deixa “ligado” no mundo, através da rápida disseminação da informação, Mas, qual é a necessidade de tanta informação assim?
Por exemplo, eu só fiquei sabendo que a Itália havia sido campeã, ou melhor, só soube que a Copa havia terminado, hoje de manhã quando eu cheguei ao trabalho.
Essa é uma informação considerada priori. Está na primeira página em destaque de todos os jornais de grande circulação, em todos sites e assim por diante.
E eu não estava sabendo ontem e fiquei sabendo hoje.
Mas então...As minhas contas, continuam as mesmas...

sexta-feira, julho 07, 2006

O gafanhoto e o tempo...

Dias atrás tive um sonho. Sonhei com um gafanhoto. E sabe aqueles sonhos que permanecem claros quando acordamos, nos intrigam e não tem nada relacionado com o que aconteceu no nosso dia, nem com nossa vida? Fiquei tentando em vão traduzi-lo.
Lembrei de um livro de sonhos que ganhei de um amigo há um tempo atrás. A dificuldade seria achá-lo. Quando eu mudei de casa, perdi muita coisa e ainda ficou muito sem arrumar. E este livro provavelmente estaria junto com muitos outros, em um quarto que ainda não está acabado, dentro de uma estante.
Como a noite o sonho continuava claro e martelando na minha cabeça, resolvi encarar a bagunça e procurar o bendito do livro.
Só pra esclarecer, eu não tenho uma semi-biblioteca abandonada em meu lar. A maioria dos livros, digamos que quase 80% sejam didáticos que foram se acumulando desde a época de estudos dos meus pais, passando pelos meus dois irmãos e acabando em mim, que fui a campeã em adquirir didáticos.
Mas voltando ao gafanhoto, digo, ao sonho, já era noite e o quarto onde estavam os livros não tem lâmpada. Peguei uma lanterna pequena, e lá fui eu procurar a “agulha no palheiro”. Comecei a mexer aqui, remexer dali e o que era pra ser uma procura acabou virando uma volta no tempo.
A primeira coisa que me surpreendeu, foi uma foto. Eu devia ter uns nove anos. Só de olhar já comecei a rir daquela coisa magrela e muito barriguda dentro de um maiô vermelho de manga e fiquei lembrando da confraternização de fim de ano do Teatro Amador Gênesis. Eu era a única criança no meio de um monte de marmanjos e devido a isso era mimada por eles. Mas só nas confraternizações, porque quando se tratava do teatro em si, sempre fui cobrada como “gente grande”. Lembro que muitas vezes cheguei a ficar bicuda por não entender nada daquela cobrança. Fora os “bicos” o teatro foi umas das melhores coisas que aconteceu na minha infância e é uma pena eu não ter maiores recordações. Eu daria tudo pra ter uma foto da peça “Anjos ou Marginais”. Quando eu fiz essa peça, realmente eu não tinha noção da importância dela, nem muito menos do meu papel dentro dela. Viajei na foto.
Logo depois eu achei o livro “Meninos sem Pátria” de Luiz Puntel. Esse foi o primeiro livro que eu li na minha vida. Dica da Belkis, uma das integrantes do próprio teatro. A Bel era a “doida” do teatro, era totalmente “zen”. Pra ela tudo tinha que ser vivido ao extremo e se alguém fosse dar um bom exemplo de vida, com certeza não a apontaria. Para mim, a Bel foi simplesmente a pessoa que fez eu criar uns dos melhores hábitos na minha vida. O de ler!
Um dia ela me perguntou do nada quantos anos eu tinha e eu respondi que tinha dez e ela já retrucou que estava na hora de começar a ler a Coleção Vaga-Lume. Até então, ninguém tinha me falado que eu tinha que ler, nem tão menos dado dica do que e talvez se não fosse a “doida” até hoje eu não saberia. Esse livro é extremamente simples. Para quem está acostumado a ler, pode parecer até sem importância alguma. Mas eu nunca esqueci dele, principalmente das partes onde o pai aconselha o filho naquelas fases críticas da vida de “aborrescente” ensinando-o a melhorar de uma bebedeira ou quando ele explica para o filho que a melhor forma de se conquistar um amor é sendo um amigo, porém não um amigo chato. Depois achei um diário do meu ano de 95, no meio da bagunça. Comecei a ler ali mesmo, e ninguém faz idéia do tanto que eu ri de mim mesma. Parecia uma louca, sentada numa sala escura, segurando uma lanterninha e lendo partes da minha loucura do auge dos meus doze anos. Aliás, o idadezinha movimentada! O mais engraçado mesmo foram os versos e os poemas que eu costumo escrever quando não posso escrever claramente o que está acontecendo. Na época eu já tinha esse hábito. Alguns pareciam que eu tinha escrito quando estava prestes, ou a matar um, ou me jogar da janela. Quem me chama de dramática hoje provavelmente não me conheceu naquela época. Mas tinham uns que eram bonitinhos e outros bem atuais e me dei conta que certas coisas não mudam mesmo.
Por fim achei dois pares de sapato e uma bota. Praticamente novos! E eu que estava desesperada pra comprar um sapato e estou sem dinheiro, me senti achando ouro no navio afundado!
Achei! Pronto! Achei o livro dos sonhos. Hummm... Deixa eu ver o índice.
Insetos e animais:
barata...
formiga...
vespa...
borboletas e mariposas...
caracol...
minhoca...
Nada de gafanhoto! Nenhuma explicação para o meu sonho.
Aff! São quase duas e eu aqui ainda!
Olha, do sonho não descobri nada. Mas o meu passado merece um lugar especial. Eu preciso dar um jeito nessa sala e nesses livros. E logo!

terça-feira, julho 04, 2006

Atrapalhada de Nascença

Se eu partisse hoje, o que eu deixaria? Apenas pedaços de mim no coração daqueles que amei e pedaços da minha história com aqueles que convivi. Então não vou vender meu amor pelo medo e nem apaguar às poucas páginas que já escrevi. O pouco que ficar de mim, vai ficar inteiro.

Eu participo de uma comunidade no orkut em homenagem a Denise. Só que eu nunca havia entrado na comunidade pra olhar. Ela simplesmente ficava ali no meio das outras, como uma declaração de amor narcisista de mim para o meu lindo nome.
Mas em um desses momentos extremos de falta do que fazer, acabei entrando lá para dar uma “espiadinha” nos tópicos.
Um dos tópicos que me chamou atenção foi aberto para as Denises contarem porque tinham esse nome. Lendo as histórias de uma e de outra eu percebi que até antes de nascer eu já não era normal.
Todas Denises são Denises em homenagem a tia, a avó, a tia avó, por causa do livro “não sei o que” que as mães leram não sei onde e assim por diante.
Eu sou Denise, simplesmente porque eu “tinha” que ser Denise. Por uma obra do destino ou por um acaso da humanidade.
Eu tenho dois irmãos mais velhos: Daniel e Daniela; Meus pais não pretendiam ter mais filhos, porque já criavam os dois com certa dificuldade. Então por praticidade, inocência e até por ignorância, minha mãe começou a utilizar a bendita tabelinha. Durante cinco anos não houve problema, até que um dia eu resolvi surgir na barriga dela com tabela e tudo. Talvez isso já fosse um aviso do que vinha por aí.
Minha mãe sempre teve seus partos cesarianos. Como todo mundo já deve saber, nesse tipo de parto o médico calcula o tempo e marca a cirurgia. O meu nascimento estava marcado para o dia 25 de junho. Novamente eu resolvi dar o ar da graça e nasci no dia 24 de junho. Como o nome dos meus dois irmãos começam com “D”, minha mãe já havia escolhido o meu nome em homenagem à uma amiga dela: Daril.
Sim acreditem, esse seria o meu nome! Ia ser um tal de Daril pra cá, Daril pra lá e assim vai. Mas como eu resolvi nascer no dia 24 de junho, uma colega da minha mãe sugeriu que colocasse Joana, em homenagem a São João. Só pra destacar, o meu próximo sobrenome é Batista. Então além de ser Joana eu seria Batista. Joana Batista dos Santos seria uma homenagem inteira, não? Mas minha mãe estava muito feliz com a Daril e resolveu deixar só o Batista homenageando o Santo.
O meu pai é um homem de pulso firme. Sempre foi! Minha mãe manda e ele faz. Então minha mãe mandou ele me registrar de Daril e lá se foi meu pai para o cartório, colocar esse “lindíssimo” nome.
Chegando lá, aquelas mesmas praxes de sempre, a moça pergunta qual o nome da criança, meu pai pronuncia o lindo Daril Batista dos Santos, a moça pergunta o sexo da criança, meu pai diz feminino, a moça digita repetindo com os lábios: fe-mi-ni-no e a moça grita:
_ FEMININO!?!? Por caridade senhor! Daril é nome de homem!
Gente, vocês não sabem como eu gostaria de conhecer essa moça. Eu daria até um beijo na boca se à conhecesse!
Após o susto, lá se foi meu pai pra casa informar minha mãe que o nome lindo podia ser lindo, mas não para mim. Aí minha mãe pergunta pro meu pai, e aí? O meu pai responde com aquela cara de: “E aí o que?”
Tinha que ser com D, então minha mãe olha para o meu pai e diz: Coloca Daiana!
De novo, volta o meu pai para o cartório registrar a Daiana Batista dos Santos e aí a moça que a pouco tinha sido tão brilhante deu uma “viajada geral”. Ela disse que não podia registrar como Daiana, porque na verdade esse era um nome inglês que se grafava Diana e se pronunciava Daiana. Então teria que me registrar como Diana, porque Daiana não existia.
No mundo dela eu não sei, mas no meu tem Daianas, Dianas, Dayanas, Dyanas e assim por diante.
De qualquer forma meu pai avisou que não colocaria Diana antes de falar com minha mãe e já estava se preparando pra voltar pra casa novamente quando a moça disse:
_ Senhor! Se a sua esposa não gostar de Diana, pergunta o que ela acha de Denise?
Lá se foi, meu querido pápa novamente falar com minha mãe. É obvio que ela não gostou da idéia de eu me chamar Diana que na verdade era Daiana que na verdade não era nenhum e os dois ao mesmo tempo. Aí meu pai sugeriu o Denise que a moça havia sugerido. Minha mãe ouviu o nome, gostou, e até lembrou de uma colega do quarto do hospital que disse que ia colocar esse nome na filha dela. Simpatizou, e eu, enfim recebi um nome. Denise Batista dos Santos! Tudo bem, tudo bem! Eu sei que o Batista e os Santos não combinam entre si, nem combinam com a Denise, nem com nada nem coisa alguma. Mas eu gosto do meu nome. Gosto de conhecer outras Denises também.Um dia, eu fui fazer um concurso e fiquei em uma sala só de Denises e foi lá que eu descobri porque os céus e terra se moveram pra que eu tivesse esse nome. Mas essa é uma outra história...

segunda-feira, julho 03, 2006

Boa Noite

Boa noite Pai!
De novo, mais um boa noite.
Novamente, eu tenho muito pra te agradecer:
O meu trabalho, a minha vida, meus amigos, o meu dia que foi bom...
Pensando bem, eu tenho que te agradecer por tudo, porque o Senhor me permitiu que eu tivesse tudo e não tenho nada do que reclamar!
Quer dizer, só tem uma coisinha...
Sabe meu Deus, não fique bravo comigo. Eu realmente sou grata por tudo. Mas, sabe...Olha, de novo eu vou pedir pro Senhor não ficar bravo comigo, porque na verdade o que eu vou dizer não é uma reclamação, é só um desabafo. Na verdade, um desabafinho.
É que é tão ruim, mas tão ruim a gente gostar de alguém, e essa pessoa não gostar da gente! Ou gostar, mas gostar menos. Ou ainda gostar do mesmo tanto, mas de outra forma...
O Senhor me entende?
Ora que pergunta. É claro que o Senhor me entende. Afinal o Senhor é Deus, e Deus é amor, logo o Senhor é amor e se é amor o Senhor me entende!
Se bem que eu não estou falando do amor. Eu estou falando de não ser correspondido! O Senhor sabe como é amar; amar muito mesmo? Ficar dias esperando um abraço, um olhar, e a pessoa nem perceber isso. Só amar e sonhar em ser correspondido um dia, e ao mesmo tempo não ter esperanças nenhuma de ser. O senhor sabe o que é isso?
Como assim, sabe?
Quem não te corresponderia?
O Senhor é maravilhoso! Divino! Eu acho simplesmente impossível alguém não te amar!
Por exemplo: Todas as noites eu fico aqui conversando com o Senhor, e o Senhor sempre me escuta com tanta paciência, mesmo quando eu não estou bem e fico brigando com o mundo o Senhor me escuta com tanta ternura, ouve meus risos, minhas lágrimas, me conforta quando eu preciso. O Senhor faz tudo o que eu preciso e mais do que eu mereço. Eu não faço idéia de quem seria louco de não te corresponder.
Como assim eu?
É, realmente eu várias vezes não te vi. Sim, é verdade que muitas vezes o Senhor me estendeu a mão e eu não te abracei.
Mas...mas...Não foi por mal!
Olha, na verdade eu ando tão preocupada com bobagens, correndo por tantas coisas. Na verdade nem percebi que o Senhor me amava desta forma! É isso, não foi indiferença.
Mas se o Senhor quiser, eu tiro um dia só pra gente, pode ser? Pode ser um final de semana se o Senhor preferir. Nós podemos passear em um lugar calmo.
Onde o Senhor gostaria de ir?
Pode ser no campo? Eu tenho muita vontade de aprender a andar de cavalo, mas eu tenho um pouco de medo! O Senhor me ajuda?
E se eu cair? O Senhor promete que não ri?
Acho que é melhor esquecer o cavalo...
Que tal a praia?
Nós podemos caminhar descalços na areia e depois nos jogarmos no mar.
Nadar pelo menos, eu sei.
Ou se o Senhor preferir ainda, eu posso lhe fazer uma serenata! Eu não sei que música o Senhor gosta, e na verdade, eu nem sei cantar muito bem! Mas talvez ensaiando um pouco eu arriscaria até uma ópera que é a música mais divina que eu conheço!
Ah Senhor! Se eu soubesse antes, eu jamais teria te deixado triste. Mas se ainda der tempo eu quero lhe corresponder a esse amor!
Eu sei que do teu lado, nós podemos construir grandes coisas e realizar grandes obras, dentro das coisas pequenas que poucos conseguem enxergar. Por outro lado Senhor, eu sou humana e logo o meu amor será um amor humano, passível de erro.
De qualquer forma eu quero ser tão sua, mas tão sua, que jamais quero sair, ainda que para simples caminhada, sem que tu estejas ao meu lado. Quero que todos nos vejam de mãos dadas! Quero que o nosso amor seja tão forte que quando se referirem a nós as pessoas me identifiquem como a Denise de Deus e ao Senhor como o Deus da Denise.
Mas Senhor! Será que dará certo? Eu volto a repetir, sou tão humana. Inclusive meu Deus como pode o Senhor ter olhado pra mim, sendo eu tão fraca e tão pequena?
Mas eu vou lutar Senhor! Não quero mais que o Senhor espere por mim, sem que eu te corresponda!
Inclusive, na minha vida, eu não quero ninguém que me afaste de ti!
A meu Deus! Eu estou com tanto sono...Eu acho que vou dormir...
Boa noite!
E olha, será o primeiro boa noite de muitos...