Quem sou eu

Alguém que prefere usar as palavras à usar as pessoas.

terça-feira, julho 25, 2006

Golpe da Cenoura

Vai chegando meio dia, vai dando aquela fominha.
Naquele dia você esqueceu de trazer marmita. Então além da fome vai dando aquela outra coisa, que é vontade de comer algo diferente. Então você liga praquela amigona de todas as horas e pergunta se ela quer rachar uma yakissoba com você. Você liga por dois motivos. Primeiro pela boa companhia e segundo, pela sua atual situação financeira que é crítica. Como a amiga é do tipo todas as horas, ela já avisa que a yakissoba precisa ser barata e você já avisa que é. Vocês se encontram muito felizes e como duas mulheres vão pelo caminho olhando os feios e comentando, os bonitos e comentando, comentam das mulheres mal vestidas, dos narizes de cata-vento e de tudo ao redor. Enfim, depois de falar mal de muitas coisas pelo caminho, vocês chegam, pedem o cardápio, escolhem a yakissoba mais barata, lógico, pedem e enquanto esperam começar a falar de novo. Dessa vez de vocês mesmas. Começam a tricotar e logo logo, já estão tricotando dos outros outra vez. E aí a yakissoba barata chega, vocês comem e fofocam, fofocam e comem até que você morde uma cenoura. Sim é normal, toda yakissoba que se preze tem cenouras. O problema que a cenoura daquela yakissoba especificamente falando, está azeda. Horrivelmente azeda. Então vocês, como duas pessoas educadas, chamam o responsável educadamente e avisam:
- Olha, a yakissoba está uma delícia, de verdade e nós vamos comê-la. Mas só estamos avisando para o Senhor não servir para os outros porque a cenoura está azeda!
O responsável agradece, nem cogita a hipótese de trocar a yakissoba (se bem que se ele cogitasse não seria aceito porque já estamos atrasadas) e sai para a cozinha para conferir a informação.
Enquanto isso vocês pensam juntas que seria bom se ele não cobrasse porque afinal vocês estão duras, lisas, e pobres e a cenoura estava de fato azeda, mas vocês mesmas esquecem a hipótese, porque afinal o mundo está perdido e é melhor se conformar com a falta de ética que assola a humanidade e preparar o bolso para o pagamento.
Até aí fomos finíssimas!
Até que chega o momento crucial do pagamento e o sensato gerente diz que vai ser por conta da casa. E é aí que todos os anos de educação que tua mãe te deu, vão-se por água abaixo!
Ao invés de vocês darem aquela pequena insistidinha para pagar como manda o figurino, vocês abrem um sorriso enorme, daqueles que ultrapassam o limite da orelha, quase beijam o gerente (quase mesmo, não fosse o balcão atrapalhar) e saem pulando tão felizes e saltitantes, mas tão felizes e saltitantes que quase ninguém deve ter percebido que estávamos só com o dinheiro da comida no bolso.
De qualquer forma, tudo o que eu preciso de hoje em diante, é andar com uma cenoura azeda no bolso.
Restaurantes chiques do Brasil... Me aguardem!

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