Vai chegando meio dia, vai dando aquela fominha.
Naquele dia você esqueceu de trazer marmita. Então além da fome vai dando aquela outra coisa, que é vontade de comer algo diferente. Então você liga praquela amigona de todas as horas e pergunta se ela quer rachar uma yakissoba com você. Você liga por dois motivos. Primeiro pela boa companhia e segundo, pela sua atual situação financeira que é crítica. Como a amiga é do tipo todas as horas, ela já avisa que a yakissoba precisa ser barata e você já avisa que é. Vocês se encontram muito felizes e como duas mulheres vão pelo caminho olhando os feios e comentando, os bonitos e comentando, comentam das mulheres mal vestidas, dos narizes de cata-vento e de tudo ao redor. Enfim, depois de falar mal de muitas coisas pelo caminho, vocês chegam, pedem o cardápio, escolhem a yakissoba mais barata, lógico, pedem e enquanto esperam começar a falar de novo. Dessa vez de vocês mesmas. Começam a tricotar e logo logo, já estão tricotando dos outros outra vez. E aí a yakissoba barata chega, vocês comem e fofocam, fofocam e comem até que você morde uma cenoura. Sim é normal, toda yakissoba que se preze tem cenouras. O problema que a cenoura daquela yakissoba especificamente falando, está azeda. Horrivelmente azeda. Então vocês, como duas pessoas educadas, chamam o responsável educadamente e avisam:
- Olha, a yakissoba está uma delícia, de verdade e nós vamos comê-la. Mas só estamos avisando para o Senhor não servir para os outros porque a cenoura está azeda!
O responsável agradece, nem cogita a hipótese de trocar a yakissoba (se bem que se ele cogitasse não seria aceito porque já estamos atrasadas) e sai para a cozinha para conferir a informação.
Enquanto isso vocês pensam juntas que seria bom se ele não cobrasse porque afinal vocês estão duras, lisas, e pobres e a cenoura estava de fato azeda, mas vocês mesmas esquecem a hipótese, porque afinal o mundo está perdido e é melhor se conformar com a falta de ética que assola a humanidade e preparar o bolso para o pagamento.
Até aí fomos finíssimas!
Até que chega o momento crucial do pagamento e o sensato gerente diz que vai ser por conta da casa. E é aí que todos os anos de educação que tua mãe te deu, vão-se por água abaixo!
Ao invés de vocês darem aquela pequena insistidinha para pagar como manda o figurino, vocês abrem um sorriso enorme, daqueles que ultrapassam o limite da orelha, quase beijam o gerente (quase mesmo, não fosse o balcão atrapalhar) e saem pulando tão felizes e saltitantes, mas tão felizes e saltitantes que quase ninguém deve ter percebido que estávamos só com o dinheiro da comida no bolso.
De qualquer forma, tudo o que eu preciso de hoje em diante, é andar com uma cenoura azeda no bolso.
Restaurantes chiques do Brasil... Me aguardem!
Escrevo aqui sobre minha vida e sobre a vida que me envolve. Os fatos relatados nem sempre traduzem fielmente a realidade e as opiniões que expresso nem sempre são as minhas. Sou favorável que as pessoas pensem e gosto de fazê-las pensar, ainda que seja diferente de mim. Sintam-se a vontade para ler, comentar ou criticar. Bem vindos!
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