Quem sou eu

Alguém que prefere usar as palavras à usar as pessoas.

segunda-feira, julho 17, 2006

Superando-me

Minha mãe me diz:
- Denise! Tem uma pedra no meio do caminho,
no meio do caminho tem uma pedra.
Meus amigos dizem:
- Tem uma pedra no meio do caminho,
no meio do caminho tem uma pedra.
E eu?
Eu sigo o caminho,
olhando para todos os lados,
sempre atenta a tal da pedra.
Eis que ando,
eis que me cuido,
eis que pondero,
sempre atenta a tal da pedra.

Então continuo andando pelo caminho, olhando para todos os lados.
Enquanto olho para os lados, com toda atenção:
PAFF! POFF! PUFT!
Eu beijo a pedra!

E aí Drummond diz:
“...Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra...”


Todo mundo sabe que em um momento ruim, (na verdade, em um momento péssimo) a única forma de se conformar é pensar em algo pior!
No caso as pessoas costumam olhar a desgraça alheia para se conformar.
Por exemplo:
Conformam-se com um braço quebrado olhando quem não tem braço.
Eu não costumo ir tão longe, mesmo porque não preciso.
E só eu parar e pensar em mim mesma, que com certeza eu irei me conformar naquele momento, porque haverá tido um pior.
Nesse momento, o que pode ser pior do que a quase véspera de natal do ano passado?
Sim.
Natal é tempo de festa, de alegria, de família, de presentes, de confraternizações com amigos, de amigos secretos e principalmente, muito principalmente mesmo, de 13º.
E por ser tempo de 13º todo mundo tem dinheiro para comprar os presentes, ou para comprar aquela coisa especial que você esperou durante um ano.
No meu natal, eu estava esperando ansiosamente pelo 13º.
Não porque eu tinha um sonho de consumo, mas porque eu tinha contas. Aliás, muitas contas naquele natal.
Então assim que eu recebi o 13º eu juntei todas as contas e fui ao shopping. Mais precisamente no Banco do Shopping para pagar as contas. Enfrentei a fila e paguei centavo por centavo, tudo o que eu devia. Saí do banco com aquela sensação de alívio por ter pago todas as contas. Eu sentia até uma certa alegria. Durou pouco!
A alegria foi passando conforme eu fui lembrando que não tinha sobrado nem um centavo. Nem um tostão furado no meio. E que aquele natal ia passar, sem ao menos uma meia fina nova, nem um presente para ninguém, ainda que fosse um bibelô de R$1,99, sem nenhum lanche do Estrela, resumindo, sem nada mesmo!
Pra ajudar; como tudo sempre acontece pra ajudar; estava chovendo muito, e eu estava sem guarda chuva, e atrasada não me lembro pra que.
E nessa, me enfiei no meio da chuva mesmo, porque pra quem jah está... ... ... ...
...sem dinheiro no natal o que é uma chuva?
E eis que na chuva, entre pessoas indo e pessoas vindo, eu vou avistando ao longe, dinheiro... Um bolo de notas de dinheiro... Muito dinheiro... E as pessoas passam inacreditavelmente pisando por sobre o dinheiro, meus olhos brilham vendo o dinheiro... Era para mim, só podia ser para mim...
O dinheiro ficou lá, imóvel, inerte, me esperando.
As pessoas passavam por ele e não o pegavam...
Era pra mim!
E quando eu chego perto do dinheiro, é claro, é obvio que eu grito:

_ De quem é esse dinheiro?

...Tempo pra vocês rirem...

... um pouco mais de tempo...

...Ainda estão rindo???

...Que cooooissa feia rir de antas como eu...

... Já posso continuar?

Então...

É claro que era o mais certo a fazer na situação.
E é obvio que mil donos caíram matando de uma vez em cima do bolo de dinheiro.
E é obvio que a anta aqui ainda conseguiu pegar duas míseras notas molhadas de R$50,00.
Pra quem não acredita, perguntem ao Ricardo... Ele viu as notas de R$50,00.
Sim, ele riu muito enquanto tentava me conformar de que eu não era de fato tão anta...

Dado aos fatos, o que é de fato, eu ter topado com a pedra?...

Um comentário :

Anônimo disse...

na próxima..shut up he he

he he he he