Quem sou eu

Alguém que prefere usar as palavras à usar as pessoas.

terça-feira, julho 04, 2006

Atrapalhada de Nascença

Se eu partisse hoje, o que eu deixaria? Apenas pedaços de mim no coração daqueles que amei e pedaços da minha história com aqueles que convivi. Então não vou vender meu amor pelo medo e nem apaguar às poucas páginas que já escrevi. O pouco que ficar de mim, vai ficar inteiro.

Eu participo de uma comunidade no orkut em homenagem a Denise. Só que eu nunca havia entrado na comunidade pra olhar. Ela simplesmente ficava ali no meio das outras, como uma declaração de amor narcisista de mim para o meu lindo nome.
Mas em um desses momentos extremos de falta do que fazer, acabei entrando lá para dar uma “espiadinha” nos tópicos.
Um dos tópicos que me chamou atenção foi aberto para as Denises contarem porque tinham esse nome. Lendo as histórias de uma e de outra eu percebi que até antes de nascer eu já não era normal.
Todas Denises são Denises em homenagem a tia, a avó, a tia avó, por causa do livro “não sei o que” que as mães leram não sei onde e assim por diante.
Eu sou Denise, simplesmente porque eu “tinha” que ser Denise. Por uma obra do destino ou por um acaso da humanidade.
Eu tenho dois irmãos mais velhos: Daniel e Daniela; Meus pais não pretendiam ter mais filhos, porque já criavam os dois com certa dificuldade. Então por praticidade, inocência e até por ignorância, minha mãe começou a utilizar a bendita tabelinha. Durante cinco anos não houve problema, até que um dia eu resolvi surgir na barriga dela com tabela e tudo. Talvez isso já fosse um aviso do que vinha por aí.
Minha mãe sempre teve seus partos cesarianos. Como todo mundo já deve saber, nesse tipo de parto o médico calcula o tempo e marca a cirurgia. O meu nascimento estava marcado para o dia 25 de junho. Novamente eu resolvi dar o ar da graça e nasci no dia 24 de junho. Como o nome dos meus dois irmãos começam com “D”, minha mãe já havia escolhido o meu nome em homenagem à uma amiga dela: Daril.
Sim acreditem, esse seria o meu nome! Ia ser um tal de Daril pra cá, Daril pra lá e assim vai. Mas como eu resolvi nascer no dia 24 de junho, uma colega da minha mãe sugeriu que colocasse Joana, em homenagem a São João. Só pra destacar, o meu próximo sobrenome é Batista. Então além de ser Joana eu seria Batista. Joana Batista dos Santos seria uma homenagem inteira, não? Mas minha mãe estava muito feliz com a Daril e resolveu deixar só o Batista homenageando o Santo.
O meu pai é um homem de pulso firme. Sempre foi! Minha mãe manda e ele faz. Então minha mãe mandou ele me registrar de Daril e lá se foi meu pai para o cartório, colocar esse “lindíssimo” nome.
Chegando lá, aquelas mesmas praxes de sempre, a moça pergunta qual o nome da criança, meu pai pronuncia o lindo Daril Batista dos Santos, a moça pergunta o sexo da criança, meu pai diz feminino, a moça digita repetindo com os lábios: fe-mi-ni-no e a moça grita:
_ FEMININO!?!? Por caridade senhor! Daril é nome de homem!
Gente, vocês não sabem como eu gostaria de conhecer essa moça. Eu daria até um beijo na boca se à conhecesse!
Após o susto, lá se foi meu pai pra casa informar minha mãe que o nome lindo podia ser lindo, mas não para mim. Aí minha mãe pergunta pro meu pai, e aí? O meu pai responde com aquela cara de: “E aí o que?”
Tinha que ser com D, então minha mãe olha para o meu pai e diz: Coloca Daiana!
De novo, volta o meu pai para o cartório registrar a Daiana Batista dos Santos e aí a moça que a pouco tinha sido tão brilhante deu uma “viajada geral”. Ela disse que não podia registrar como Daiana, porque na verdade esse era um nome inglês que se grafava Diana e se pronunciava Daiana. Então teria que me registrar como Diana, porque Daiana não existia.
No mundo dela eu não sei, mas no meu tem Daianas, Dianas, Dayanas, Dyanas e assim por diante.
De qualquer forma meu pai avisou que não colocaria Diana antes de falar com minha mãe e já estava se preparando pra voltar pra casa novamente quando a moça disse:
_ Senhor! Se a sua esposa não gostar de Diana, pergunta o que ela acha de Denise?
Lá se foi, meu querido pápa novamente falar com minha mãe. É obvio que ela não gostou da idéia de eu me chamar Diana que na verdade era Daiana que na verdade não era nenhum e os dois ao mesmo tempo. Aí meu pai sugeriu o Denise que a moça havia sugerido. Minha mãe ouviu o nome, gostou, e até lembrou de uma colega do quarto do hospital que disse que ia colocar esse nome na filha dela. Simpatizou, e eu, enfim recebi um nome. Denise Batista dos Santos! Tudo bem, tudo bem! Eu sei que o Batista e os Santos não combinam entre si, nem combinam com a Denise, nem com nada nem coisa alguma. Mas eu gosto do meu nome. Gosto de conhecer outras Denises também.Um dia, eu fui fazer um concurso e fiquei em uma sala só de Denises e foi lá que eu descobri porque os céus e terra se moveram pra que eu tivesse esse nome. Mas essa é uma outra história...

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