Quem sou eu

Alguém que prefere usar as palavras à usar as pessoas.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Por nossos olhos

Há alguns dias atrás, escrevi sobre a minha desconfiança com relação a mídia e a constante preocupação desta em “atacar” o atual governo.
Falei também do efeito contrário que esses ataques surtiram em mim.
Por acaso, ontem uma amiga me ofereceu uma revista para que eu desse uma lida chamada “Revista do Brasil”(setembro/2006).
Coincidências a parte, a revista falava da parcialidade da mídia para influenciar o leitor.
Na matéria “A mídia tem lado, sim” o jornalista Paulo Donizetti além de firmar que a mídia tem ressaltado as falhas do atual governo, também vem “transformando em novela, com todos os temperos dramáticos” episódios como a escolha do candidato do PSDB para disputar contra Lula a eleição para presidente da Republica (episódio Alckim/Serra), dentre outros fatos que colocam em evidência os opositores de Lula.
Mais do que isso, o jornalista também apresenta os números dessa persuasão disfarçada.
O Observatório Brasileiro de Mídia, elaborou um relatório parcial que mediu como os candidatos foram tratados pelos textos dos jornais de maiores circulação no período de 6 de julho a 25 de agosto. Segundo o estudo, o candidato Lula recebe tratamento positivo em 31,2% das oportunidades em que aparece nesses jornais, enquanto 47,41% das matérias tem abordagem negativa. Já o presidente Lula é citado de maneira negativa em 48,39% dos casos, ante 31,23% das menções positivas. Quando o personagem é Geraldo Alckmim as curvas se invertem: as citações positivas são 44,56% e as negativas, 31,42%.” Em se tratando de revistas a situação se agrava ainda mais. “Da última semana de julho até meados de agosto, o presidente Lula aparece de forma negativa em 60% dos textos e positiva em 20%. Alckmin tem 54,55% dos tratamentos positivos e 18,18% negativos.” Ainda na mesma matéria são apresentados os números absolutos que ficam tremendamente mais berrantes do que se visto da forma percentual, mas que não vou colocar para não me estender muito.
Quando eu expressei minha opinião abaixo, eu não tinha nenhum material que comprovasse o que eu estava dizendo, aliás, eu deixei bem claro que a minha mudança súbita de opinião tinha muito mais a ver com minha intuição feminina.
Mas para provar cientificamente que a intuição não é de toda desprezível, esta revista veio a calhar.
Ainda na mesma revista acabei descobrindo outros fatos relevantes para a formação da minha opinião com relação a outros candidatos.
Acabei descobrindo, a partir de uma entrevista com o ministro da educação Fernando Haddad para a mesma revista, que o ProUni nasceu de uma iniciativa de sua autoria e que este foi apresentado em 2003 ao então ministro da educação Cristóvão Buarque, que não se entusiasmou com a proposta. Em 2004, voltou à mesa de outro ministro Tarso Genro que comprou a idéia.
Com isso acabei enxergando que eu sou mais analfabeta política do que eu já previa.
Saindo um pouco do âmbito da revista e justificando o meu post político, explico que meu intuito aqui não é convencer ninguém a votar em ninguém. Mesmo porque até o último instante eu ainda pretendo olhar para essa debandada de promessas e jornais com uma visão extremamente crítica e não me envergonho se for necessário mudar duzentas vezes de idéia.
Ressalto ainda que a revista que eu citei é sindicalista o que a torna propensa a evidenciar o governo e criticar os demais.
Mas através desse humilde blog, eu queria chamar atenção dos poucos leitores a olharem mais além dos enunciados e chamadas dos jornais.
Buscarem, vasculharem, farejarem informações o quanto mais, de fontes mais diferentes e mais contraditórias possíveis e analisar tudo de uma forma realista e imparcial, para assim, terem a possibilidade de formar uma opinião mais sólida e consciente e não apenas baseada na mídia popular.
Não que assim iremos mudar o mundo.
Mas buscar informação, analisá-la e ter uma opinião, já é um bom começo.

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