Quem sou eu

Alguém que prefere usar as palavras à usar as pessoas.

quarta-feira, junho 07, 2006

Filosofando com Capricho

Eis que estava eu lá, sentada naqueles banquinhos brancos e confortáveis de um salão de beleza, numa noite de sexta – feira, prestes a passar por mais uma sessão tortura, em mais uma tentativa inútil de ficar bonita. Não que se consiga, mas para ninguém dizer que eu não tentei, eu escolhi logo uns dos melhores e mais caros salões para me emperiquitar.
O problema é que em noites de sexta-feira, todas as mulheres estão neste mesmo momento de desespero pra ficarem bonitas e como se isso não bastasse, naquela sexta-feira em especial, todas resolveram escolher o mesmo salão que eu.
Eu estava agendada para as 18:30 h. Cheguei as 18:15 h para ter tempo de me ajeitar e fiquei ali, sentada naquele banquinho branco, no que pra mim seria uma espera de 15 minutos. Nem fiz questão de mexer no amontoado de revistas ao lado, fiquei apenas olhando a novela que estava passando na TV e esperando me chamarem. Passaram-se 5 minutos, 10 minutos, 15 minutos, 30 minutos, e haja novela, e haja comercial, e haja novela, e haja comercial e nada de chegar minha vez. Só sei que assisti por tempo suficiente pra perceber que eu estava desacostumada a ver televisão.
Já tinham se passado 45 minutos, e já estava com vontade de sair correndo dali. Mas não podia, afinal era sexta-feira e eu pre-ci-sa-va ficar bonita.
Foi aí que eu comecei a folhear as revistas. Posso resumir todas em 2 linhas.
O fulano que era casado com a fulana separou-se e agora a fulana está com o outro fulano que era marido da outra fulana e daí por diante.
De revista em revista, foi aí que eu cheguei na dita “Capricho”. E de repente achei uma página interessante. “Bruxaria para principiantes”. Nunca tive o desejo de ser bruxa, mas, porém, contudo no entanto, tenho que admitir que bruxas tem poderes invejados por mulheres simples e comuns como eu. A matéria era pouco atraente, mas vamos à aula prática. O título ao final da matéria era “Seis receitas de bruxarias simples, utéis e fáceis de fazer”.

Todas clássicas.

1ª – para afastar rival
2ª – para conquistar um homem difícil
3ª – para conseguir um emprego
4ª – para levar um homem ao altar
5ª – para arranjar namorado

Mas nenhuma me chamou mais atenção do que a última:

6ª e última: Pós – pé na bunda.

Era assim: Após levar um pé na bunda, coloque uma bota preta, dê três cuspidas no chão e pise em cima três vezes!

Fiquei ali, perplexa, olhando, lendo e relendo, tentando entender.
Ao final das contas, qual era a finalidade de uma simpatia pós-pé na bunda? Pra que serve exatamente? Não agüentei e perguntei para a senhora que estava ao lado. Sei lá, talvez o cansaço da espera estivesse fundido o meu cérebro o suficiente para eu não estar conseguindo entender a finalidade (que devia ser útil e profunda) daquela simpatia. A mulher ao lado fez cara de ponto de interrogação, mas soltou uma idéia aceitável.
_ Deve ser pra não ficar roxo.
Mas ainda não entrava na minha cabeça, como alguém podia ter uma idéia de jirico daquelas. Pra mim aquela simpatia não tinha objetivo claro. Deveriam ter escrito a finalidade exata da simpatia. Pés-nas-bundas são corriqueiros, eu já estou acostumada a levar e talvez dependendo do resultado que se obtivesse com a simpatia eu pudesse vir a fazer. E continuei tentando descobrir a serventia daquela simpatia, quando surgiu uma dúvida ainda maior:
Pra que serve a revista Capricho?

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