Quem sou eu

Alguém que prefere usar as palavras à usar as pessoas.

quarta-feira, junho 21, 2006

Eu tenho uma banda!

Não, não é o que você está pensando. Eu não descobri a minha parte pop e vou sair por aí cantando e pulando feito a Britney Spears.
Eu estou falando do meu primeiro beijo!
Isso mesmo, aquela experiência marcante, desastrosa e ao mesmo tempo mágica de beijar alguém pela primeira vez.
Um belo dia, noauge da minha adolescência, estava eu frente a frente com o amigo do meu irmão, para quem eu acabava de ser apresentada oficialmente pelo amigo, do amigo do meu irmão, após meses de paixão platônica e trocas de olhares infindáveis. (Infindáveis mesmo, visto que ele é o único ser que consegue olhar por horas à finco, sem ao menos mover o rosto ou piscar). Mas apesar de eu acabar de ter sido apresentada, estava me sentindo num palco encenando um monólogo. Tudo o que eu falava, sobre qualquer assunto, a única coisa que eu obtia como resposta, eram breves movimentos com a cabeça, vezes de cima pra baixo, vezes de um lado para o outro.
Por momentos achei que eu estava sendo pouco interessante, mas como mesmo eu permanecendo muda, o fulano continuava ali sentado ao meu lado, presumi que o problema não estava bem em mim.
Decidi então partir para a parte prática. Finalmente os meus longos meses de treinos em barras de chocolates e bandas de laranja, me seriam úteis. E devem ter sido mesmo, pois o ato não foi ruim pra mim, e nem o fulano reclamou.
Porém, mesmo tendo sido um bom beijo, foi o único com o fulano. Afinal de contas uma bicho-do-mato não tinha muito futuro com um semi-mudo.
Anos mais tarde eu fui descobrir que ele não era tão mudo assim. Fiquei sabendo que certa noite, meu irmão e os amigos dele, inclusive o fulano, foram a um baile juntos. A certa altura da noite, o fulano ficou muito empolgado com uma moça, tão empolgado, mais tão empolgado que resolveu “chegar nela”. Digamos que eles passaram uns 30 minutos conversando até que a “moça” escapou dele e foi pedir socorro aos amigos.
_ Gente, por caridade, tirem aquele rapaz de perto de mim. Faz meia hora que ele está ao meu lado repetindo: Eu tenho uma banda! Eu tenho uma banda! Eu tenho uma banda!
Apesar da minha compaixão pela dificuldade de comunicação do fulano, eu quase morri de rir.
Agora, passado dez anos do fato e muito tempo sem vê-lo, eis que ele me encontrou no orkut. E eis que ele deixou um scrapp. Com palavras escritas, acreditem!
Por um momento eu pensei...
Nossa que progresso! Ele escreve pelo menos. Isso é um sinal de que ele pensa!
Bom, ele teve sua participação importante em minha vida, logo foi adicionado, e logo, eu entrei no “profile” para ver sua apresentação pessoal.
E estava lá, escrito em letras garrafais:

“EU TENHO UMA BANDA!”

Um comentário :

Anônimo disse...

na boa dê...vc merece uma coluna de crônicas sem algum jornal he he he he