Quem sou eu

Alguém que prefere usar as palavras à usar as pessoas.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Burrice Artificial

Não acredito em horóscopos. Realmente não acho que a mãe fulana de tal ou o pai num sei o que, sabe o que vai acontecer hoje, amanhã e depois, de acordo com a posição da birimboca da parafuseta.
Mas existe um horoscópo que é inevitável ser lido. Ele se coloca diante de mim todos os dias pela manhã, sem ao menos perguntar se eu o quero ali. Um horoscópo diferente, que não é escrito por nenhum pai ou mãe, respeitados. Trata-se da famosa sorte do dia redigida diariamente pelo inteligentíssimo orkut.
Nem precisa dizer que não dou a devida atenção a ele. Mas devo admitir que acabo o lendo e quase sempre me ponho em risos com sandices como: "Você será uma pessoa viajada!" nos dias eu que estou afogada em dívida, ou ainda, naqueles dias que nem minha mãe me dirigiu um bom dia, um "você é uma pessoa muito querida em seu meio".
Mas hoje, realmente, o orkut superou todas as minhas expectativas.
Já algum tempo que eu aprendi, entre murros e pontapés, que o meu coração é a coisa mais burra que existe sobre a face da Terra. Descobri ainda que, se eu usasse pelo menos 10% da minha capacidade cerebral, vulgo "razão", há muito eu já estaria casada com um homem rico e bem sucedido que viajaria muito e me deixaria com bastante tempo pra curtir um amante que seria pobre, porém muito gostoso, com o qual eu gastaria o meu cartão de crédito sem limite, cujo marido rico pagaria a fatura sem reclamar e não bastasse, ainda teria quatro armários: um exclusivo de vestidos, outro de sapatos, um para os diversos e outro bem confortável para o amante.
Mas como se trata da minha pessoa, que não usa nem 0,000000099% da minha capacidade de pensar e usa 99,99% do burro coração diariamente, desde outrora e até atualmente, fui e continuo sendo uma funhenhada, sem marido (nem pobre nem rico), sem amante (nem gostoso nem ruim) e sem cartão de crédito, porque há muito já estourei o meu mirrado limite.
Pelo menos atualmente tenho consciência do problema e há algum tempinho venho ignorando qualquer impulso ou vontade deste órgão burro chamado coração.
Não fiquei rica (ainda), mas pelo menos tenho levado uma vida mais saudável, não tenho perdido preciosos minutos pensando em quem nem sabe que eu existo, e nem sendo usada por quem pensa que sou algum analgésico e só lembra de mim quando o calo da solidão aperta.
Resumindo: Tenho sido relativamente feliz!
Ontem à noite o meu infeliz coração começou a querer me enfiar em enrascada novamente e hoje vim no ônibus refletindo a situação. Concluí que está tudo muito bom do jeito que está e assim vai continuar estando.
Cheguei no trabalho, sentei ao computador, abri meu orkut e lá estava:
"O coração é mais sábio do que a razão"
Simplesmente... Esplêndido!

Nenhum comentário :